27.5.06

Música de câmara

Quem, por estes dias, ande em busca de algo diferente no cada vez mais vasto mundo da pop alternativa pode encontrar em He Poos Clouds, dos Final Fantasy, o prémio merecido para a sua persistência. É uma daquelas bandas que não chega a sê-lo, como sucede em muitos outros casos. Por detrás "dos" Final Fantasy está o violinista e cantor canadiano Owen Pallet que apresenta, neste álbum, dez canções invulgares, a começar pela escolha de um quarteto de cordas como elemento de base de toda a música que se ouve no disco. O álbum é difícil de classificar, o que não deixa de ser um dos aspectos que o torna mais atraente, mas eu atrevo-me a afirmar que, aqui e ali, se insinuam algumas semelhanças com uma parte do trabalho de composição característico de Peter Hammill, o antigo líder dos Van Der Graaf Generator. De alguma forma, trata-se de música de câmara, rica em mudanças de tempo e desafiadora para os ouvidos mais conservadores pela sucessão de acordes que aparentemente não estariam talhados para se conjugarem numa só canção. He Poos Clouds é uma aventura sonora muito original e, neste sentido, é pop verdadeiramente alternativa.

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A eficiência, segundo Ben Allison

Ben Allison, de que já aqui foi feita referência a propósito do seu álbum anterior, é um daqueles músicos que raramente desiludem. Os apreciadores sabem com o que podem contar nos seus discos. Não há maravilhas de virtuosismo estonteante a encontrar nas suas gravações mas, quanto à qualidade do repertório, quase todo ele da autoria do contrabaixista, a conversa já é outra. O grande trunfo na discografia de Allison está nas suas habilidades como compositor. E é essa, uma vez mais, a grande carta que é jogada em Cowboy Justice, a mais recente obra que o músico fez aparecer no mercado.
Guitarra, contrabaixo, bateria e trompete são os quatro instrumentos que, desta vez, constituem a banda de Allison, depois de experiências efectuadas com agrupamentos mais vastos, incluindo a incursão nas sonoridades africanas que se escutam em Peace Pipe. Ben Allison é tão talentoso na invenção de novos temas, como é económico nos arranjos e no resultado final. O disco comporta uma mensagem política, mas verdadeiramente cativante em Cowboy Justice são os temas e a eficiência com que os solistas vão desempenhando os seus papéis. Tricky Dick, que abre o álbum, diz tudo. E se o resto não estivesse à altura, esta faixa já justificava a aquisição.

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O elástico

O que é relevante nesta história é a constatação de que o tempo é elástico. Em 1976, cinco depois de o álbum ter sido lançado, comprei Songs For Beginners, de Graham Nash. O disco continha o hit-single pacifista intitulado Chicago e, ainda, outras canções que tinham ficado gravadas na minha memória durante as festas de início dos anos 70. Sleep Song e Simple Man eram momentos a não falhar quando estava em causa fazer avanços junto dos elementos do sexo oposto.
Anos depois, um grupo de amigos tinha o bom hábito de mostrar as mais recentes aquisições. Onerosas, quando em forma de LP, ou gratuitas, quando surigiam por via de cassetes gravadas a partir de discos emprestados. Num qualquer fim-de-semana, coloquei o álbum de Nash no gira-discos. O entusismo da plateia não foi grande. Porquê? Bom, reconheciam-se qualidades às canções do velho herói do country-rock mas a questão principal era que Songs For Beginners era uma obra "antiga". Fantástico. Na adolescência, algo com cinco anos de idade já era qualificado como uma espécie de relíquia, cujos sons se mostravam tão distantes como se em audição estivesse um disco dos anos 20 ou 30.
Lembro-me de me ter sentido um pouco frustrado. Para mim, a música não tinha idade. Um dos prazeres dessa época estava em vasculhar o espólio de gente mais velha, mas não muito mais velha, onde se podiam encontrar gravações de The Byrds, por exemplo. Songs For Beginners está longe de ser um álbum genial e Graham Nash, na minha opinião, era o mais fracote dos elementos dos lendários Crosby, Stills, Nash & Young. Sucede, apenas, que há uns dias fiz uma playlist em que, entre coisas "antigas" e mais recentes, se misturava uma das canções daquele disco. Como entre os mais recentes se contavam temas editados há pouco mais de cinco ou dez anos, mas que para mim continuam a soar como novos, suscita-se a questão: a música de Nash que classificação mereceria agora? Pré-histórica? E os primeiros álbuns dos U2 são o quê? A invenção da escrita?

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7.5.06

Um mestre na slide guitar

Da fusão entre os blues e os sons oriundos da Índia, nasceram já seis álbuns na curta carreira de Harry Manx. Viajante compulsivo, mas actualmente fixado no Canadá, Manx desbravou o seu próprio caminho no cruzamento entre Ocidente e Oriente. É um virtuoso a tocar slide guitar, mistura a sonoridade hipnotizante do veena com as raízes da música popular norte-americana e complementa tudo isto com invulgares aptidões para soprar a harmónica. Para rematar, junta a sua voz ligeiramente rouca. Tudo junto resulta numa receita inovadora para um bom serão. Wise and Otherwise é um dos seus discos mais marcantes, em que uma doce melancolia desfila ao longo de 12 temas. É uma das boas descobertas que fiz nos tempos mais recentes e recomendo a quem ainda não tenha experimentado a felicidade de tropeçar na obra deste músico.

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O violino de Billy Bang

Quem aprecie o violino no jazz tem em Stéphane Grapelli uma referência sólida. Entre os nomes mais recentes, Regina Carter é uma notável executante. Podem apreciar-se as suas qualidades sobretudo através de dois discos: Rythms of the Heart e Motor City Moments. Quanto a Billy Bang, situa-se entre as gerações de Grapelli e de Carter. Começou a liderar gravações nos finais dos anos 70 e, nos últimos anos, lançou dois álbuns em que, por via da música, tenta esconjurar os fantasmas dos seus tempos como soldado na guerra do Vietname. Reflections, editado em 2005, inclui temas tradicionais daquele país. Quanto a mim, não são a parte mais interessante deste disco. Os momentos verdadeiramente apetecíveis são aqueles em que a banda de Bang entra em acção, com destaque para os impecáveis solos arrancados pelo violinista, bem como os que são elaborados por James Spaulding (saxofone alto e flauta) e John Hicks (piano). A música é acessível - exceptuando os temas tradicionais do país asiático foi composta por Billy Bang - e a banda é consistente. Um disco pouco citado mas a merecer atenção.

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Sufjan Stevens, revisto e reinventado

Não sou músico. Mas, se fosse, há um projecto que gostava de concretizar. Pegava nos álbuns de Sufjan Stevens e dava-lhes a volta, reinterpretando os temas de acordo com a linguagem do jazz. É um desafio ambicioso, mas poderia dar bons resultados. As canções de Stevens estão mesmo a jeito. Fogem dos padrões habituais da pop, utilizando frequentemente tempos mais sofisticados que o básico 4/4. Entre temas que se inscrevem nos pergaminhos da folk norte-americana, encontram-se melodias estimulantes, pelo que adicionam à tradição. Inspiram-se nesta, mas partem para um destino situado muito mais à frente. Imagino um quarteto composto por trompete, piano, contrabaixo e bateria a descrever o tema, prossseguindo para uma improvisação sobre as criações que fazem de álbums como Illinoise ou Michigan dois grandes discos. A banda até poderia ser alargada a um saxofone e a um vibrafone. Ficaria bem. O alinhamento seria difícil de escolher porque não faltam bons temas na ainda curta discografia de Sufjan Stevens. Chicago, All Good Naysayers, For The Widows In Paradise, Say Yes! To Michigan!, Concerning The UFO, Come On! Feel The Illinoise!, Casimir Pulaski Day, They Are Night Zombies, Pickerel Lake e Vito's Ordination Song mereceriam fazer parte dos ensaios. Pelo menos. Será que alguém, um dia, vai pegar numa ideia semelhante a esta? Ah, se eu eu fosse músico...

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6.5.06

O pianista prodigioso

Sobre Keith Jarrett é difícil acrescentar seja o que for a tudo o quem tem sido dito sobre a sua vasta obra, que cobre estilos desde o jazz à clássica, passando pela fusão. É um pianista sobredotado, quer no que respeita às qualidades como instrumentista, como no que se refere à sua imensa capacidade de improvisação. Quando pisa os terrenos do jazz, a música flui em torrentes esmagadoras independentemente do formato em que move. Em trio, com os seus companheiros dos últimos 20 anos, Gary Peacock e Jack DeJonhette, ou sozinho em palco, Jarrett é tão arrebatador como imprevisível. Salta de nota em nota à medida que as emoções de cada momento vão sendo transmitidas para as teclas do piano. Radiance, disco lançado em 2005 mas que só há poucos dias adquiri, é mais uma ocasião em que o pianista surge a solo, produzindo música na hora como tem feito desde os anos 70. Registado ao vivo em dois concertos realizados no Japão, é um álbum prodigioso, intenso, profundamente inspirado. Uma obra-prima.

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Recordando Wes Montgomery

Um dos aspectos mais impressionantes na vida de Pat Martino está na força de vontade e combatividade de que o guitarrista deu provas quando, por força de um aneurisma, foi obrigado a interromper a sua carreira. Perdeu a memória, teve que reaprender a tocar, sobretudo a partir das suas velhas gravações e, depois de um vazio que durou dez anos, regressou aos discos em 1987. Há cinco anos atrás, lançou um dos CD mais notáveis da segunda metade do seu percurso discográfico, Live at Yoshi's. Agora, Martino decidiu ir para estúdio e, em quinteto, gravou dez temas de homenagem a um dos monstros da guitarra jazz e seu inspirador, Wes Montgomery. Pat Martino está em excelente forma. As notas saltam da sua guitarra semi-acústica com estonteante rapidez e enorme clareza, fazendo parecer que os seus solos até são uma brincadeira de crianças. Pode constatar-se a situação em Four on Six ou em Full House, para dar apenas dois exemplos numa colecção de faixas em que metade leva a assinatura de Montgomery.

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Um cruzeiro de luxo

Há duas razões essenciais para escutar este novo disco assinado por Chris Cheek. Por um lado, é uma nova oportunidade para encontrar um jovem saxofonista, da geração nova-iorquina dos anos 90. Nos cinco álbuns editados anteriormente, o primeiro dos quais faz agora dez anos, Cheek espantou os apreciadores de jazz e pouco foram os que ainda não lhe regatearam elogios, colocando-o entre os grandes valores de uma nova leva de músicos. Por outro lado, e não menos importante, Chris Cheek gravou Blues Cruise com um trio de alta qualidade. Nada menos do que o pianista Brad Mehldau, o contrabaixista Larry Grenadrier e o baterista Jorge Rossy. Isto é, três músicos de superior talento que tocam juntos há mais de uma década. Cheek desembrulha-se com competência, mas o que tem mais relevo neste álbum é a solidez do quarteto, muito por força da presença das mãos de Mehldau e dos seus dois habituais companheiros. Posto isto, este CD é um cruzeiro de luxo.

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O segredo está nas mãos

Na capa deste disco, Kasper Villaume surge fotografado com uma grande angular. A mão direita estendida em direcção à objectiva fica desproporcionada relativamente à figura do seu proprietário. Não está nada mal pensado. Se a finalidade era a de sublinhar a grandeza da música que o pianista executa nesta gravação, então o fio de coerência entre a imagem e o conteúdo do CD fica esclarecido. Villaume é um óptimo instrumentista, um dos nomes a fixar no actual cenário do jazz europeu e está bem rodeado nesta gravação, com as participações do solicitadíssimo saxofonista Chris Potter, o baterista Ali Jackson e o contrabaixista Chris Minh Doky. Metade dos oito temas são da autoria de Kasper Villaume e, entre estes, destaca-se o pujante Captain Kirkland. Energia, expressão e swing são os elementos que o pianista afirma ter pretendido reunir neste disco, de acordo com o pequeno texto que acompanha o álbum. Do meu ponto de vista, a missão foi cumprida e um dos segredos para o sucesso está nas mãos de Villaume.

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2.5.06

Dez discos para uma ilha povoada

A música escuta-se e partilha-se. Esta é uma das regras do bom melómano. Daí que, mais adequado do que fazer uma lista de dez discos destinados a servir de companhia numa ilha deserta, é elaborar uma lista para levar para uma ilha povoada. Aqui ficam, então, as sugestões. Desta feita (gosto deste tique de comentador desportivo), exclusivamente na área da pop e terrenos circundantes. A ordem é aleatória.

1.
The Novelist/Walking Without Effort – Richard Swift
A duração de cada um é curta. Mas certo é que, de uma só penada, Richard Swift editou não apenas um, mas dois discos de estreia. É assim mesmo. Quando se tem na manga tantos truques de primeira qualidade é melhor mostrá-los todos de uma vez, para não deixar dúvidas por desfazer. Para preencher aquilo a que o próprio decidiu chamar o primeiro volume da sua colecção, Swift escolheu perto de dúzia e meia de canções de embalar. Espera-se que os próximos tomos venham a ser tão bons quanto este.

2.
Let it Roll – Willard Grant Conspiracy
Ao primeiro contacto com a voz de Robert Fisher, o vocalista da banda, lembrei-me imediatamente do vocalista dos Tindersticks, Stuart Staples. Let it Roll é o mais recente produto de uma discografia que já leva dez anos de actividade. Só agora dei pela existência deste grupo de Boston, confesso, e ando a tratar de corrigir a falta. Um especialista na matéria disse-me que anda por aí uma colectânea que vale a pena conhecer – There But For The Grace of God. Para já, voto neste disco. Sem tapar os olhos ou engolir sapos.

3.
The Covers Record – Cat Power

No arquivo de Abril pode encontrar-se um curto post sobre a mais recente criação de Chan Marshall, The Greatest. Seria um dos eleitos desta lista, caso não a tivesse limitado a dez presenças e não me tivesse dado já ao trabalho de escrever sobre o CD em causa. Este disco, como o título indica, é de versões. Ouve-se com prazer moderado. Mas atenção: inclui um fantástico cover de Satisfaction, dos Rolling Stones. É mesmo a principal razão para que lhe seja colado o selo de “obrigatório”.

4.
Aerial – Kate Bush
Perdi o contacto com a pupila de David Guilmour, o guitarrsita dos Pink Floyd que a desencantou quando a rapariga ainda era adolescente, praticamente após a edição de The Kick Inside, em 1978. Reencontrei-a em Sensual World, de 1989, e depois voltei a interromper a relação. Não aprecio a pose de pseudo-dançarina, mas acho que este detalhe menos atraente é compensado pelos rasgos de inspiração que, de vez em quando, fazem avançar a sua carreira. Aerial é um desses momentos em que Kate Bush se superou.

5.
Who’s Your New Professor – Sam Prekop
O guitarrista dos The Sea and Cake é um homem que gosta de tranquilidade e aprecia pegar nas directivas da bossa-nova a transpô-las para o território da pop. Este é o seu segundo álbum a solo. Com um ou outro sobressalto fugaz, por aqui a palavra de ordem é a de que “não há stress”. As notas que extrai da sua guitarra são limpinhas, sem sombra de contaminação urbana. Quem dê por bem empregue o seu tempo deve avançar para a obra anterior, que ostenta o nome do músico. Foi o que eu fiz, com bons resultados.

6.
The Debt Collection – Shortwave Set
Estes loucos – pela positiva – apanharam-me com a canção Is It Any Wonder e agora não me largam. Não é que me importe. Antes pelo contrário. Samples, alguma electrónica e instrumentos acústicos sobre os quais assentam melodias elegantes são os truques que utilizam, com manifesta habilidade, para hipnotizar quem escuta. É o primeiro disco da banda. E tal como sucede em relação a Richard Swift, espera-se que os próximos tomos da colecção sejam pelos menos tão bons como este.

7.
Live At The Fillmore – Lucinda Williams
Se a questão é apenas ouvir country não contem comigo. Mas há excepções. Lucinda Williams é um desses casos. Sobretudo se está em causa o duplo-álbum ao vivo. A voz desta figura já consagrada do country alternativo perde em pureza nas prestações em concerto aquilo que ganha em emotividade. Há muito e bom rock nestas gravações, o que é um importante ponto a favor. Neil Young é seguramente um referência, quando a guitarra eléctrica fica mais rugosa, mas há outras como os ZZ Top. E não sou eu que o digo. Basta escutar o arranque de Atonement.

8.
Extraordinary Machine – Fiona Apple
Dei de caras com Fiona Apple, em sentido figurado, evidentemente, quando há uns anos escutei Limp, do álbum When The Pawn, numa qualquer estação de rádio que na altura estava sintonizada no carro. Comprei o disco uns tempos depois e demorou algum tempo até começar a gostar de outras faixas que não apenas a que me tinha sido dada como cartão de visita para a obra desta senhora. O mais recente, este Extraordinary Machine que parece ter passado por diversas e demoradas peripécias durante a produção, é um pico de maturidade numa carreira discográfica que já leva dez anos mas que apenas inclui três CD. É pouco mas é (muito) bom.

9.
Superwolf – Matt Sweeny & Bonnie Prince Billy

Com pouco mais do que uma simples Fender Stratocaster, provavelmente aquela a que Bonnie substitui uma corda na fotografia da contracapa, se faz um disco completo, cheio de canções memoráveis. Superwolf é um álbum intimista que pede silêncio e concentração para ser plenamente desfrutado. Beast For Thee é um daqueles temas que deve ficar para a vida, mas há muito mais neste disco, em que o equilíbrio geral é simplesmente notável. Fanáticos de produções pomposas e arranjos grandiosos, afastem-se.

10.
The Power Out – Electrelane

Se me dissessem que esta banda tinha nascido e porfiado no final dos anos 70 quando a vitalidade do punk e da new wave se revelou através do aparecimento de centenas de novos nomes, eu até acreditava. Tudo neste disco é tão parecido e, no entanto, tão actual, que não seria necessária uma grande dose de credulidade para cair no engodo. O nome do disco engana. O que não falta aqui é energia para fazer uma festa de arromba. Para momentos mais solenes e formais, aconselha-se o tema The Valleys.

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1.5.06

Energia pura e dura

O tema de aberura de Last Chance Disco, dos Acoustic Ladyland, é de cortar a respiração. Muito provavelmente dedicado a Iggy Pop, o que presumo muito basicamente pelo facto de o título ser Iggy, esta faixa é uma explosão de energia, curta e arrasadora. Com este cartão de visita, é fácil situar este genial quarteto algures no que poderia parecer um improvável encontro entre o punk e o jazz. A música que os elementos da banda vão sacando a golpes duros e precisos da bateria, baixo, piano eléctrico e saxofone, é crua e dispensa maquilhagens de produção. Para mim, é uma das melhores descobertas dos últimos tempos, comparável, pela economia dos meios utilizados e pela grandeza dos resultados, à adrenalina provocada nos primeiros contactos que tive com os álbuns dos Morphine. Não será por acaso, também, que o nome da banda se inspira no terceiro e último álbum gravado por Jimi Hendrix, Electric Ladyland.

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