Boas vibrações
Sou, desde anteontem, o feliz proprietário de um iPod com uma capacidade de 40 GB. Esta circunstância indica, segundo o fabricante, que poderei armazenar nada menos que dez mil canções neste singelo objecto de electrónica de consumo que ameaça distinguir os cidadãos em duas classes essenciais: os que têm e os que ainda não têm. Por que motivo um melómano incorrigível adquire uma coisa destas? É fácil de explicar. Desde há muito tempo que sonho com a estação de rádio perfeita. Aquela que transmitiria exactamente a música que mais gosto de ouvir. Sem interrupções mas fornecendo a possibilidade de saber, em cada momento, aquilo que “está a dar”.
Ora, através de um simples iPod – e devo avisar que não ganho nada com a publicidade – podemos importar os nossos CD favoritos para a maquineta e depois escutá-los em modo “shuffle”. Isto é, nunca sabemos qual a canção que virá a seguir, mas uma vez que escolhemos os discos que estão na memória do iPod temos a certeza de que vamos gostar. É a teoria do caos aplicada à música. Já imaginaram escutar “Dancing with the Moonlit Knight”, dos Genesis, seguido de “Cathedral”, dos CSN, tudo precedido de “Moondance”, de Van Morrison, ou de “Riders on the Storm”, dos Doors? É o paraíso, posso assegurar por experiência própria.
Acresce a tudo isto que, precisamente ontem, a loja portuguesa associada ao iTunes entrou em actividade. O catálogo é curto mas a coisa funciona. Para estrear a minha relação comercial com este novo estabelecimento que certamente vai ajudar à minha ruína financeira, decidi comprar a nova versão de “Good Vibrations”, incluída no álbum “Smile”, assinado por Brian Wilson. Correu tudo bem. O “download” fez-se sem problemas e a qualidade sonora é mais do que satisfatória. Ainda por cima, o mentor dos Beach Boys canta como se ainda estivéssemos nos anos 60 e como se o tempo fosse um elemento descartável através da mera força de vontade.
E pronto. Está explicado por que motivo o AiFai tem tido tão escassa actividade nos últimos dias. É que tanto eu como o paul temos passado uma boa parte do tempo a importar canções das nossas colecções de CD para o computador com o objectivo de as transferirmos, posteriormente, para o iPod. Uma tarefa exigente mas altamente compensadora.
musicaepoucomais@yahoo.com