Regresso às raízes
Após longos anos de uma relação íntima e proveitosa com a música de Van Morrison, estive durante algum tempo sem ouvir os seus discos. Nem sequer me preocupei em escutar algumas das suas edições mais recentes. Gostar de música é um processo que também tem os seus ciclos. E há estilos ou intérpretes concretos que, por alguma razão, deixamos de lado por um determinado período para mais tarde voltar a descobri-los.
Numa viagem recente a Madrid, a Fnac foi um dos locais de romaria obrigatória. Várias vezes ao dia, na companhia de um melómano que quando se trata de comprar discos revela um desprezo assinalável por qualquer sentido de poupança - semelhante ou até mais grave que o meu -, lá fui espreitar as novidades e o fundo de catálogo. Tinha acabado de aparecer nas lojas "What's Wrong With This Picture", álbum de estreia do antigo líder dos Them na etiqueta Blue Note.
Como o disco estava disponível num posto de escuta e eu precisava urgentemente de comprar algo de novo para desfrutar na viagem de regresso a Lisboa, decidi experimentar. A surpresa não podia ser maior. A balada inicial, que fornece o título do álbum, conquistou-me imediatamente. Por causa da melodia simples, da orquestração e da voz. E o que vinha a seguir também não desiludia. Pelo contrário. Os blues, o rock and roll, a country, o jazz e o folk contaminavam as canções do álbum, numa rica fusão que é aquilo que Van Morrison melhor sabe fazer e que ninguém mais faz como ele.
É evidente que comprei o disco em questão. E, passados alguns meses, ainda é um dos álbuns que ouço com mais frequência. "Whinin Boy Moan", a segunda faixa do CD, é a minha preferida. Tem um "swing" que convida à dança e só é pena que o sizudo vizinho de cima não me permita escutar o solo de trompete como realmente merece: "loud and clear"!
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